sexta-feira, 25 de junho de 2010

Cidade Maquete



Hoje sonhei que morava em uma maquete.
Oh! que grande pesadelo!
Mas nela não existiam:
Ruas,
Esquinas,
Nem colinas.
Por todo lado só se via:
Quadras,
Blocos,
E o planalto.
Sonhei que dois grandes discos voadores 
Invadiram a cidade!
Grandes,
Brancos,
E de concreto.
Discos voadores com duas torres por perto!
Dele desceram centenas de engravatados.
Todos com:
Pastas,
Documentos,
E licitações.
Por fora pareciam homens.
Falavam como homens,
Andavam como homens,
E roubavam como os homens,
Mas por dentro não passavam de ilusões.
Corri para o outro lado.
Desci um grande eixo 
Que atravessava a maquete.
Comecei a olhar para os lados
E perceber que era tudo copiado:
Prédios iguais,
Jardins iguais,
Pessoas iguais.
AH! Acordei...
E foi então que notei
Que não sonhei.
Era tudo verdade.
Estou em Brasília,
A cidade da minha realidade.

(Stella Araujo)

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Intransitivo



Amar é simplesmente amar.
Quem ama... ama e só.
Como é tola a gramática ao constatar
Que amar é verbo transitivo direito!
Por que complementar o que já é o complemento?
Amar já congrega todo o sentimento.
Cuidado amante com a definição de amor!
Cabe-me explicar
Que amar é como as poesias.
Simplesmente indefiníveis
E não se entrega a quem as tenta definir.
Porque se quer amar
Não procure razões.
Amar é muito mais do que corações,
Mais do que o que se pode ler num verbete.
Simplesmente ame!
Não espere motivos de quem diz que te ama,
Pois essa pessoa nasceu com as regras gramaticais
Dentro do coração.
Quem ama, ama sobre as regras de um
Tempo,
Modo
E pessoa
Mas desconhece a explicação.

(Stella Araujo)