Se o divino ofertou benditos tempos,
O mal criou memórias de momentos.
São feridas de instantes em algures,
Não as curam os tão nobres doutores,
Remanescem somente em nossos sonhos.
E se há algo mais forte ou amargo
Desconheço sua tão vil existência,
Pois o tempo criou a dor d'ausência
Como num corte feito no sabugo,
Como se fosse o mais triste epílogo.
Stella Araujo
segunda-feira, 11 de maio de 2020
quinta-feira, 7 de maio de 2020
Fullgás
A vida sorvo tal fera sedenta:
Só assim se conhece o prazer.
Quando vinho em taça for verter,
Debruça e serve de forma mais lenta.
Porque a gravidade é resposta...
Une cristal e álcool pra beber;
Boca, língua e pele pra lamber;
Corpo, alma, amor que se exorta.
A força que responde à solidão
É invisível ao olho humano
Sempre coberto pelo doce engano.
Toma da taça como d'um veneno
Como se a vida fosse breve aceno,
Como já lhe falhasse o coração.
Stella Araujo
Só assim se conhece o prazer.
Quando vinho em taça for verter,
Debruça e serve de forma mais lenta.
Porque a gravidade é resposta...
Une cristal e álcool pra beber;
Boca, língua e pele pra lamber;
Corpo, alma, amor que se exorta.
A força que responde à solidão
É invisível ao olho humano
Sempre coberto pelo doce engano.
Toma da taça como d'um veneno
Como se a vida fosse breve aceno,
Como já lhe falhasse o coração.
Stella Araujo
terça-feira, 28 de abril de 2020
Sussurros
Se eu tivesse nos lábios todos versos
Te daria as letras como selos.
E as portas seriam tuas passagens,
Para tua água que toca minhas margens.
Levas meus grãos de terra tão sedentos
Que te juro que em minhas pastagens
Te seriam perpétuos os meus votos,
Como são os das santas monjas virgens.
Porém, em teu regaço já há flores,
E em mim jazem de amores outros restos,
Decompostos em massas e odores.
Acontece que tu a terra feres
Quando passas corrente como os rios,
Quando és água sob novas pontes.
Stella Araujo
Te daria as letras como selos.
E as portas seriam tuas passagens,
Para tua água que toca minhas margens.
Levas meus grãos de terra tão sedentos
Que te juro que em minhas pastagens
Te seriam perpétuos os meus votos,
Como são os das santas monjas virgens.
Porém, em teu regaço já há flores,
E em mim jazem de amores outros restos,
Decompostos em massas e odores.
Acontece que tu a terra feres
Quando passas corrente como os rios,
Quando és água sob novas pontes.
Stella Araujo
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