Andando pela rua
Sem a menor atenção
E com os pés caminhando
Sem comando ou razão.
Pessoas, carros, árvores...
Tudo passa e eu não percebo.
Como um zumbi, ando pelas ruas desta cidade...
Sem sentimento algum e com a mente vazia
Subo as ruas e desço as avenidas.
Mas o destino se incumbe dos que esqueceram da vida
E vivem em uma permanente e maçante rotina.
De lá para cá, de cá para lá...
Todo dia, na mesma hora, no mesmo lugar
A mesma expressão de quem não está lá.
Uma topada numa pedra muda o costume.
Percebo as pessoas, os carros, as árvores.
Saí da rotina e para isso só precisei de uma pedra.
Se fosse uma flor eu nem a teria percebido.
Pode até ser mais bonita,
Mas para que serve essa beleza hoje em dia?
Os infortúnios são os que nos acordam
Desse marasmo que tem sido a vida.
No dia seguinte a mesma apatia.
O efeito da pedra era passageiro
Como as promessas de ano novo
que eu fiz um dia.
Em meu caminho comum,
Piso em uma flor... Nem vejo.
Continuo meu caminho...
De lá para cá, de cá para lá...
Mas as pedras no caminho irão me acordar.
(Stella Araujo)