segunda-feira, 12 de julho de 2010

Fluxo de pensamento amoroso


Se bem me quer
E eu não querer
Não é amor.
Se mal me quer
E eu querer
Só resta a dor...
Mas não é amor!
Amor é par
Sofrer é ímpar.
Quem ama não sofre,
Só sofre quem acha que ama
Então,
Mal me quer o amor!

(Stella Araujo)

sábado, 10 de julho de 2010

Olhar consciente

Esses olhos que observam minha alma
Noite adentro até em sonhos,
Refugiam-se nos meus pensamentos
Em breves momentos
Onde penso em quem sou.
Esses olhos que me conhecem,
Que perscrutam segredos
Que nem eu mesma conheço.
Que vêem meu rosto,
Como muito mais
Que carne e osso,
Como janela do meu sentimento,
Onde a chuva é choro
Que desce calmo como no vidro
Até atingir o chão.
Eles olham para minha face,
Espelho límpido de emoção,
E me contam em segredo,
Daqueles ao pé do ouvido,
As minhas dúvidas entre o sim e o não.
Esses olhos que são
E não são meus,
São a minha consciência
Metamorfoseada nesses olhos
Que me observam sem perdão.

(Stella Araujo)

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Pedras no caminho


Andando pela rua
Sem a menor atenção
E com os pés caminhando
Sem comando ou razão.
Pessoas, carros, árvores...
Tudo passa e eu não percebo.
Como um zumbi, ando pelas ruas desta cidade...
Sem sentimento algum e com a mente vazia
Subo as ruas e desço as avenidas.
Mas o destino se incumbe dos que esqueceram da vida
E vivem em uma permanente e maçante rotina.
De lá para cá, de cá para lá...
Todo dia, na mesma hora, no mesmo lugar
A mesma expressão de quem não está lá.
Uma topada numa pedra muda o costume.
Percebo as pessoas, os carros, as árvores.
Saí da rotina e para isso só precisei de uma pedra.
Se fosse uma flor eu nem a teria percebido.
Pode até ser mais bonita,
Mas para que serve essa beleza hoje em dia?
Os infortúnios são os que nos acordam
Desse marasmo que tem sido a vida.
No dia seguinte a mesma apatia.
O efeito da pedra era passageiro
Como as promessas de ano novo
que eu fiz um dia.
Em meu caminho comum,
Piso em uma flor... Nem vejo.
Continuo meu caminho...
De lá para cá, de cá para lá...
Mas as pedras no caminho irão me acordar.
(Stella Araujo)