Da janela eu via uma mulher.
Dona Magnólia, como costumei chamar.
Come sopa de colher
Por que não tem mais do que se alimentar.
Sorri um sorriso sem estrelas
Quando me vê passar pela calçada,
Mas ainda mostra um luzir de felicidade
por finalmente ser notada.
Tem cara de mãe,
Mas é sem filhos.
De certo é filha,
Mas não tem mãe.
Vive só sob a marquise da avenida
Pedindo somente um pão.
Ontem choveu muito.
Escutei o tossir de Magnólia.
Chorei pensando nela
E escrevi sua história.
Uma página apenas,
Escrevi o que sabia.
Ela não era ninguém
Para o povo que ali vivia.
De manhã havia um saco preto na rua.
Um grande pacote fúnebre.
E a única coisa que consegui pensar foi:
Por favor, que não seja a querida Magnólia.
(Stella Araujo)
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