Hoje acordei com um naco de sangue coagulado impedindo a passagem do ar pelas minhas fossas nasais.
Estou em Brasília, essa cidade seca e que se não fosse pelo lago Paranoá estaria em alguma matéria do Globo Repórter sobre existência de humanos em lugares de clima extremo logo após a Antártida e o deserto do Saara. Hoje, dia 1º de agosto de 2011 (ainda estamos na época da seca) de acordo com o telejornal a umidade era de 19% e nem sinal de chuva há muito tempo.
No Rio, tenho mania de andar sempre com um guarda-chuva na bolsa. Esse hábito é uma mistura de “minha bolsa tem de tudo” com “ Ih, choveu cabelo encolheu”. Porém, aqui em Brasília entre os meses de maio e setembro só os com muita esperança mantêm esse objeto por perto, ou os que usam guarda-chuva como guarda-sol. Mesmo quando nosso bom Deus dá a benção de uma precipitação é sempre uma leve garoa, nada que preocupe 90% das pessoas.
Todo esse lenga lenga leva ao real motivo da existência desse texto. Hoje estive no prédio da Embratur e quando estava saindo avistei uma estrutura metálica estranha e que armazenava vários sacos plásticos transparentes. Fiquei curiosa, aproximei-me só para ficar chocada com a utilidade de tal geringonça. Os sacos plásticos são para pôr o guarda-chuva molhado! Que grande invento esse! Talvez até marque um período histórico como a máquina à vapor. Sem falar nos gastos públicos sendo tão bem gerenciados e no impacto ambiental com o plástico sendo finalmente sanado. Um porta saco plástico para guarda-chuva molhado... Como não pensei nisso? O velho truque de saco de supermercado já não é opção.
A minha emoção estava nas instruções de como guardar o objeto úmido pela chuva (que enfatizo, nessa época não existe em Brasília). Confesso que se não fosse pelas instruções eu realmente não saberia a serventia de tal invenção. Elas apenas por imagens eram tão eficazes que ignorarei o maldito porta saco plástico para guarda-chuva molhado apodrecendo sem uso no corredor da Embratur, para parabenizar o criador das instruções tão delicadamente impressas e coladas na estrutura metálica. No fim, elas tiveram mais serventia do que o objeto em si, já que não entendi de pronto sua função. Parabéns pra você que as desenhou e ensinou para a população de Brasília como armazenar um guarda-chuva molhado em um saco plástico.
(Stella Araujo)